O que é o Multiverso? Entenda o conceito e como ele impacta a cultura pop

Nos últimos anos, o termo “multiverso” passou a fazer parte do vocabulário popular de muitos fãs da cultura geek. De filmes da Marvel a séries como Rick and Morty, passando por quadrinhos, games e até teorias científicas, o conceito se tornou um dos mais explorados da atualidade. Mas, afinal, o que é o multiverso? E por que ele é tão importante para a cultura pop contemporânea?
Neste artigo, vamos explicar de forma clara e acessível o que significa o multiverso, suas origens na ficção, exemplos marcantes e como esse recurso narrativo mudou a forma como consumimos histórias.
O que é o Multiverso?

O termo multiverso é uma junção de “multi” (muitos) e “universo”, e se refere à existência de múltiplos universos paralelos ao nosso. Em vez de haver uma única realidade, o multiverso propõe que existam infinitas versões da realidade, coexistindo em diferentes dimensões ou linhas do tempo.
Esses universos podem ser parecidos com o nosso, mas com pequenas diferenças (como um herói que virou vilão), ou completamente distintos, com leis físicas próprias, espécies alienígenas dominantes ou realidades mágicas.
O Multiverso na Ficção: origem e evolução

Embora o conceito tenha raízes na física teórica, ele se popularizou mesmo na ficção científica e nos quadrinhos. Um dos primeiros usos relevantes na cultura pop veio dos quadrinhos da DC Comics, com a publicação de The Flash of Two Worlds em 1961. Nessa história, o Flash da Era de Prata (Barry Allen) conhece o Flash da Era de Ouro (Jay Garrick), mostrando que ambos existiam em universos diferentes.
A partir daí, a ideia de multiverso se expandiu, sendo usada para justificar versões alternativas de personagens, correções de continuidade e crossovers épicos.
Já na Marvel Comics, o multiverso também desempenha um papel central, com terras paralelas como a Terra-616 (universo principal dos quadrinhos) e a Terra-199999 (universo do MCU nos cinemas). A Marvel ainda usou o multiverso para explorar versões diferentes de personagens clássicos, como o Homem-Aranha Noir, Miles Morales, Zumbi Capitão América e muitos outros.
O Multiverso no Cinema e na TV
Marvel Studios
Nos últimos anos, o multiverso se tornou parte essencial do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). A fase 4, iniciada após Vingadores: Ultimato, mergulhou de vez no tema com produções como:
- WandaVision: explora realidades fabricadas.
- Loki: introduz a Autoridade de Variância Temporal (TVA) e as ramificações da linha do tempo.
- What If…?: apresenta episódios com versões alternativas dos personagens.
- Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: leva o herói a diferentes realidades.
- Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa: traz diferentes versões do Homem-Aranha (Tobey, Andrew e Tom) interagindo entre si.
Esse recurso permitiu não apenas surpresas nostálgicas, mas também uma expansão das possibilidades narrativas, sem a necessidade de reboot.
DC Studios
A DC também tem utilizado o multiverso como ferramenta criativa. O filme The Flash (2023) trabalhou com múltiplas realidades, trazendo o Batman de Michael Keaton de volta à cena. Já a série Crise nas Infinitas Terras do universo da CW reuniu versões de heróis de diferentes séries e filmes, incluindo participações de atores que viveram Superman e Flash em produções antigas.
A proposta da DC é permitir que várias versões dos personagens coexistam, o que explica porque temos dois Batmans diferentes nos cinemas (Ben Affleck e Robert Pattinson) e diferentes linhas narrativas paralelas.
Outras produções que usam o multiverso
Rick and Morty
A série animada Rick and Morty, da Adult Swim, é um dos exemplos mais criativos e insanos do uso do multiverso. A trama acompanha as aventuras do cientista Rick Sanchez e seu neto Morty, que viajam por realidades alternativas com frequência. Em muitos episódios, vemos versões alternativas dos protagonistas — algumas cômicas, outras sombrias — o que permite roteiros imprevisíveis e ricos em possibilidades filosóficas e existenciais.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
O filme vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2023, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, trouxe uma abordagem caótica e profunda do multiverso. A protagonista descobre versões infinitas de si mesma em diferentes realidades e precisa navegar por elas para salvar sua existência — e, ao mesmo tempo, lidar com questões pessoais e familiares.
Por que o Multiverso fascina tanto?
Há algumas razões pelas quais o multiverso se tornou tão popular:
1. Exploração de possibilidades infinitas
Ele permite contar qualquer tipo de história, sem a limitação de uma única linha do tempo ou versão canônica. Heróis podem morrer, voltar, mudar de lado, ou coexistir com suas versões alternativas.
2. Aproveitamento de nostalgia
Com o multiverso, é possível trazer de volta atores e versões antigas de personagens — como o retorno de Tobey Maguire como Homem-Aranha — sem a necessidade de explicar tudo com um reboot.
3. Reflexões filosóficas
A ideia de múltiplas realidades levanta questionamentos profundos: e se eu tivesse feito outra escolha? E se houvesse um “eu” melhor, ou pior, em outro universo? Essas perguntas tornam as histórias mais ricas.
4. Conveniência narrativa
Autores e roteiristas podem corrigir erros de continuidade ou justificar mudanças no elenco, roteiro e universo com mais facilidade. O multiverso é um “curinga” criativo.
O Multiverso na Ciência: é real?
Fora da ficção, o multiverso também é discutido por físicos teóricos. A teoria das cordas e o princípio da mecânica quântica sugerem que múltiplos universos podem ser possíveis em cenários altamente especulativos. Embora não haja prova concreta, o conceito é levado a sério por alguns cientistas.
No entanto, é importante lembrar que, ao contrário da ficção, esses estudos são extremamente complexos e ainda estão longe de serem confirmados. Para o entretenimento, o multiverso é mais uma ferramenta narrativa do que uma realidade comprovada.
O multiverso é uma das ideias mais fascinantes da cultura geek moderna. Ele transformou o modo como as histórias são contadas nos quadrinhos, filmes, séries e animações, permitindo liberdade criativa, nostalgia, reflexão e infinitas possibilidades.
Seja na Marvel, na DC, em Rick and Morty ou em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, o multiverso continuará sendo explorado nos próximos anos. Afinal, quando as possibilidades são infinitas, as histórias também são.